Monday, November 28, 2016

"Cordiais Saudações" &/ou "eu pessoalmente acredito em vampiros" (Torquato Neto)





Telma, eu não suguei! (featuring lizard from Dario Argento's Opera, 1987) (Z/A Instagram post);
Pictures also taken from the book Torquatália (Rio de Janeiro: Rocco, 2004);
Nosferato no Brasil (Ivan Cardoso, 1971);
Torquato Astrological Chart made with free software Astrology for Windows;
Cajuíana (Caetano Veloso, A/Z mimesis-interpretation) [I took this video out of Youtube, because I wanted to change it];

"Esses heróis que costumavam ser os ícones da liberdade de expressão agora são, subitamente, os rostos do puritanismo e da censura... Caetano Veloso e Chico Buarque tomaram todos os passos necessários para se assegurar de que suas preciosas vidas permanecerão 'incólumes' e que seus segredinhos sujos não serão revelados. Por favor, notemos que o artista é uma persona PÚBLICA..."
Gerald Thomas, Entre Duas Fileiras
"'A excursão dos Doces Bárbaros já era uma espécie de golpe de estado, no qual os baianos diziam que só eles eram donos do negócio', acredita Alex Antunes. 'Com essa atitude, a música brasileira foi perdendo a variedade de caras que diziam tanto quanto Jards Macalé, Tom Zé, Mutantes, em histórias que muitas vezes esbarraram na tragédia pessoal. Desde então, instituiu-se essa forma de sacrifício, de cortar as beiradas menos funcionais em favor do lobby."
Ricardo Alexandre, Dias de Luta

"O poema começa com uma referência à 'geleia geral', expressão criada por Décio, adotada por Torquato Neto e Gilberto Gil, e generalizada para a glória do anonimato. Surgiu da frase 'No meio da geleia geral brasileira alguém tem de fazer o papel de osso e de medula' com a qual DP redarguiu, bate-pronto, à maldição de Cassiano Ricardo: 'Vocês são muito radicais. O arco não pode ficar tenso todo o tempo. Vocês vão ter de afrouxar'. Depois do troco de Décio, o velho Cassiano pôs o chapéu e se despediu com um 'Adeus'. Nunca mais o vimos. Torquato leu o exemplar da Invenção, que lhe dei, onde a expressão aparecia, e ficou siderado."
Augusto de Campos (Reflashes para Décio)

"The aquisition of my tape recorder really finished whatever emotional life I might have had, but I was glad to see it go. Nothing was ever a problem again, because a problem just meant a good tape, and when a problem transforms itself into a good tape it's not a problem any more. An interesting problem was an interesting tape... once you see emotions from a certain angle you can never think of them as real again... I don't really know if I was ever capable of love, but after the 60s I never thought in terms of 'love' again. However, I became what you might call fascinated by certain people... And the fascination I experienced was probably very close to a certain kind of love."
The Philosophy of Andy Warhol
"This category—test—is neither aesthetic, nor ethical, nor dogmatic; it is completely transcendent..." 
The young person in Repetition (translation by M. G. Piety) 

Alô!
"Daí, as revistas, os jornais, as TVs e as rádios ajudando a vender produtos de baixa qualidade que, no entanto, foram produzidos e precisam de um mercado para pronta-entrega. Este mercado é forçado através das paradas de sucessos" (Torquatália: Geléia Geral, p. 50). 
"Quem leu soube a opinião de Nélson [Motta] e de quase todos os compositores jovens sobre as famosas Sociedades Arrecadadoras aqui deste Brasil subdesenvolvido. É verdade: vivemos ainda numa época em que é fácil, facílimo, que três ou quatro sujeitinhos desonestos possam controlar por completo o direito de arrecadar o dinheiro dos outros — e ficar com ele" (p. 52).
"Mas parece que pouca gente conhece essa cantora que, em minha opinião, é uma das melhores que possuímos. Thelma [Soares], para quem não sabe, foi uma das primeiras a cnatar bossa nova. Praticamente descoberta por Vinícius..." (p. 56). 
"A música popular americana é importante, a mais importante deste século e é bom que as pessoas possam conhecê-la bem. Mas, por que ninguém lembrou-se ainda de escrever uma historiazinha do samba?" (p. 62).  
"Sidney Miller, 22 anos, é, hoje um dos mais importantes compositores da nova geração de nossa música popular" (p. 64). 
"... tenho má vontade, mesmo, com o iê-iê que se faz no Brasil. E tenho porque é de baixa qualidade. Exclui o Roberto Carlos, que é o único que sabe catar e, de vez em quando, aparece com músicas bonitinhas" (p. 67). 
"De Chris Montez à imbecilidade de Erasmo Carlos ou à banalidade de um Bobby de Carlo vai outra distância que eu não ando. Impossível aceitar a 'ternurinha' analfabeta de Vanderléia ou de sua congênere subdesenvolvida, Maritza Fabiane. Certo, os cabelos de Ronnie Von são bacaninhas, mas que o rapaz não sabe cantar, não sabe mesmo" (p. 69). 
"Paulinho da Viola não se dá por satisfeito com o fato de ter talento e poder improvisar numa roda de partido alto. Por isso, ele é hoje um dos músicos mais completos de sua geração. E violonista confesso e praticante capaz de executar sem problemas um estudo de Villa-Lobos, um choro de Nazaré..." (p. 86). 
"Entre 1929 e 1937... Noel Rosa compôs um número superior a duzentas músicas: sambas... e marchas, choros, toadas, valsas, emboladas e paródias. Essa obra é hoje, talvez, o marco mais importante da história de nossa música popular" (p. 88). 
"Noel Rosa fez muitas paródias para melodias populares em sua época: a maior parte delas é absolutamente impublicável em jornal" (p. 90). 
"... um grande artista não envelhece. Apesar dos anos Grande Otelo ainda é o mesmo moleque Tião, o Claudionor da Estela, o poeta inspirado que o tempo nem a vida difícil conseguiram esconder" (p. 92). 
"... eu acho que Norma Bengell é uma das cinco melhores cantoras do Brasil. Está dito" (p. 101). 
"... samba e marcha-rancho, baião e samba-canção, samba de roda etc. Gil é um filtro: apreende todas essas formas e as utiliza como quer, porque... pode, tem material humano e musical para fazer este trabalho" (p. 107). 
"Já os membros da Comissão de Carnaval da Imperatriz são unânimes em afirmar que as escolas de samba tomaram um caminho erra e que seria impossível voltar atrás" (p. 116). 
"... conhecemos a arte extraordinária de Clementina de Jesus e reencontramos a divina Araci Côrtes, senhora rainha de nossa música..." (p. 117). 
"... aquele preceito tão saudável da pesquisa como elemento decisivo na evolução de um processo cultural qualquer" (p. 131). 
"Quem leu, sabe que o II FIC foi 'doado' à TV Globo de à TV Paulista sem abertura de uma concorrência legal e, portanto, de maneira — no mínimo — escusa" (p. 137).
"Cantando, Caetano Veloso se revela um dos melhores intérpretes de suas músicas. Sua voz pequena e afinada, suas divisões sensíveis, sua intimidade com as notas casam-se na mais perfeita harmonia com o tom das canções que interpreta" (p. 139). 
"Elis Regina surgiu num momento crítico de nossa música e... O Fino e Elis foram diretamente responsáveis pela afirmação de vários dos nossos compositores, de Edu Lobo a Gilberto Gil... ao lado de Jair Rodrigues, Elis proporcionou as deixas para que muita gente mais surgisse, entre compositores, cantores e músicos..." (p. 141). 
"Não, não pensem que eu esteja sugerindo que Elis é a música brasileira. Não é não: mas é uma de suas maiores representantes. Uma de suas mais importantes personalidades. E se posso falar assim, é ainda hoje uma de suas vigas-mestras" (p. 142). 
"Estamos todos, imagino, suficientemente bem informados a respeito do jogo de empurra que se desenrola anualmente no submundo dos programas especializados... onde ganha carnaval quem tem mais dinheiro e menos caráter..." (p. 144). 
"... a música de Chico Buarque, fortemente enraizada em nossas tradições mais populares, tem provado que o samba pode ser — e é — também música para consumo do público jovem... Tendo como fonte básica de sua inspiração as mais antigas tradições do samba (leia-se: Música Popular Brasileira), ele, a meu ver, como que o reinventou" (p. 147). 
"Por essas e por outras é que os compositores estão fugindo do Brasil e fazendo negócios com suas músicas, pessoalmente, com editoras e gravadoras estrangeiras. Edu Lobo, Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Marcos e Paulo Valle, Carlos Lyra e muitos outros" (p. 151). 
"... afinal, ainda não está claro para ninguém que xingar Roberto Carlos e seu grupo é — no mínimo — uma falta do que fazer? ... 'Frente Única' do samba, se houvesse, não seria brigar com o iê-iê-iê, mas tentar uma união de artistas interessados na sobrevivência de nossa música e dispostos a tomar parte num processo eficaz de massificação desse musical" (p. 155). 
"O Bebê de Roseary... o melhor (mais interessante) dos filmes do viúvo de Sharon Tate. Transas de magia negra superbarra-pesada, perigosíssimas; deu no que deu. Mas valeu: o filme é bom. E vou ver de novo" (p. 195).
"Atenção: vai sair, breve, uma edição brasileira da Rolling Stone, a revista underground mais badalada do mundo" (p. 206).
"Contadores de história vão afastando cinema da barra-pesada da realidade, que a meu ver é infinitivamente mais forte e educativo do que qualquer história, bem ou mal contada, dessas antigas" (p. 218).
"A maioria se diz católica. Mas o espiritismo da linha de umbanda é de fato a religião geral do Brasil, terra de Exus" (p. 219).
"... livre do som livre da TV Globo, Ivan [Lins], que é um cara extremamente musical e barra limpa, deve estar preparando um disco da pesada" (p. 230).
"Agora, oficialmente: não estou mais 'pertencendo' a nenhuma sociedade brasileira — nem mesmo à Sicam, que é a mais 'simpática' delas" (p. 235).
"Eis o que eu quero saber: teremos, algum dia, oportunidade de assistir a todos os filmes disponíveis de Zé do Caixão, numa revisão que me parece (e é) da maior urgência no presente momento do cinema brasileiro?" (p. 248).
"O Festival da Canção mais a Sigla da TV Globo querem vender a fina flor da mediocridade nacional e estrangeira para um público que não é exatamente o que vibra com o show do Maracanãzinho. Muita engrupição" (p. 257).
"O texto da contracapa... informa direitinho sobre vários aspectos da carreira (geralmente esnobada pelos idiotas aristocratas daqui) dessa cantora inigualável que é a Angela Maria" (p. 259).
".. dê uma chance ao seu olho, futuque, descubra, transe em superoito. É muito quente e muito frio, só depende mesmo de você" (p. 267).
"Chico tem, pelo menos, cinquenta por cento de sua produção recente interditada; Chico também se recusou a participar do FIC da TV Globo, a festa da mediocridade oficializada (e retardada) desta província... a música de Chico é aberta e portanto está sendo cuidadosamente fechada pelos funcionários e freelancers da coisa (colunistas etc.), num esquema dos mais manjados e repelentes" (p. 268).
"Nada melhor do que Gal: nada mais liberto, mais à vontade, mais maneiro, mais pesado. Essas coisas todas que irritam os bobões..." (p. 274).
"A música popular oficial (a do público, por aqui) não admite experiência e, pelo contrário, veta sistematicamente: basta pintar mais à vontade pra nem ser gravado. Como é o nome disso? Asfixia" (p. 292).
"Depois de One Plus One, Godard e seus amigos (uns & outros) fizeram mais de 10 filme que não passaram, nem passarão na cinemateca do MAM... Do cinema experimental dos americanos piradões (de Warhol a Jack Smith etc.) também não conhecemos nada nem podemos exigir da cinemateca a obrigação de exibi-los" (p. 314).
"O médico pediu: deixa eu ler os teus poemas... O médico achou a linguagem 'totalmente fragmentada' e, para que ele voltasse a escrever como muito antigamente se fazia, mandou interná-lo e impregnou a sua célula nervosa. Crítica literária" (p. 320-21).
"Meu Deus, como Baby Consuelo é tão bonita!" (p. 340).
& até amanhã...
(Socorro! Fim)
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See also: 
Meteorango Kid;

"... However, I also felt that adding voodoo to our experimental repertoire would be socio-politically explosive. So we didn't try it again. One can push the envelope only so far in a university setting without causing administrators to faint. I've met a few who were tough and capable of withstanding the heat generated by controversy. But others? Well, let's just say that they tend to spook easily..." Dean Radin, Real Magic (Harmony/Penguin 2018);

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