Monday, July 25, 2016

Pour une littérature mineur: Mário Quintana as I see him



Almeida Júnior, Recado Difícil (1895);
Lasar Segall, Retrato de Lucy I (1935);
Candido Portinari, Retrato de João Candido com Cavalo (1941);
Samico, Retrato de Criança (1956);
Manabu Mabe, Abstracionismo (1967);
Mário Quintana, Antologia Poética (Rio de Janeiro: Alfaguara, 2015), com um ensaio de Eucanaã Ferraz;
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"Hat Jemand, Ende des neunzehnten Jahrhunderts, einen deutlichen Begriff davon, was Dichter starker Zeitalter Inspirationnannten? Im andren Falle will ich’s beschreiben..."
Nietzsche (Ecce Homo)

"Quem souber apreciar a cristalina, abstrata e rigorosa arquitetura dodecafônica, quase geométrica, de sua 'Suíte para piano'opus 25 ou de seu 'Quinteto de sopros', jamais poderá imaginar que a frase que se segue foi dita por Arnold Schönberg: 'Aquele que não possuir o romantismo em seu coração é um ser humano decrépito."
"Schönberg soube entender e mesmo exercitar muito bem o pathos wagneriano, mas, em vez de tentar espichá-lo ou 'modernizá-lo', como o fez Richard Strauss, ele provocou a sua imposão. Ao contrário de Debussy, que assumiu um radical distanciamento daquele estilo e técnicas composicionais, tecendo por fora e lentamente a sua contribuição renovadora, Schönberg provocou um envenenamento na engrenagem das formas, levando-as ao superlativo da expressividade, ao conflito, a uma neurótica impulsiva subjetividade onde o indivíduo situava-se como centro absoluto, intérprete e juiz do universo. A evolução desse comportamento espiritual, que veio desembocar em nosso século no expressionismo; que contou com figuras como Nolde, Kokoschka, Kandinsky, Chagal e Roualt na pintura; Wedekind, Werfel e Kafka na literatura; Wiene, Lang, Pabst, Dreyer e Murnau, no cinema, teve, em música, na obra de Arnold Schönberg, o seu carro-chefe."
Júlio Medaglia (Música Impopular)

"A CANÇÃO, a simples canção, é uma luz dentro da noite.
(Sabem todas as almas perdidas...)
[...]
E sob o aéreo, o implacável, o irresistível ritmo dos teus pés,
Deixa rugir o Caos atônito..."

"— em meio aos ruídos da rua
alheio aos risos da rua —
todas as jubas do Sol
por uma trança da Lua!"

"Os luares extáticos...
A noite parada..."

"Havia um corredor que fazia cotovelo:
Um mistério encanado com outro mistério, no escuro...
[...]
Nós éramos quatro, uma prima, dois negrinhos e eu.
[...]
Onde andará agora o pince-nez da tia Tula?"

"Até o grande relógio de pêndulo parou.
O tempo está morto de pé dentro dele como um chefe asteca.
[...]
Os felinos farejam-me.
Antes eu estivesse morte e não sentiria nada...
Mas
A primeira coisa que um morto faz depois de enterrado
É abrir novamente os olhos...
Como é que eu sei disso, meu Deus?!
Tão fácil acender a luz... Estendo a mão
Para a lâmpada de cabeceira e toco
Uma parede fria
Úmida
Musgosa..."

"O meu Anjo da Guarda é dentuço,
Tem uma asa mais baixa que a outra.
[...]
Poeta, está na hora em que os galos móveis dos para-raios
Bicam a rosa dos ventos..."

"Que o digam as nuvens, esses lerdos e desmesurados cágados das alturas...
E então para disfarçar a gente faz literatura... e diz aos amigos que foi apenas uma folha morta que se desprendeu... ou que um pneu estourou, longe... na estrela Aldebaran..."

"Ai esquinas esquecidas...
Ai lampiões de fins de linha...
Quem me abana das antigas
Janelas de guilhotina?"

"E as vovozinhas de saia-balão
Como paraquedistas às avessas que subissem do fundo do tempo.
O relógio marcava a hora
[...]
Em cima do telhado...
Como um catavento que perdeu as asas!"

"Os grilos são poetas mortos."

"— Seu Mário, o senhor ainda não leu o CRUEL AMOR?"

"Desaparecido na batalha do Itororó!"

"...cachorrinho Victor."

"Nossas Almas? Seil lá!"

"Deve haver tanta coisa desabada...
Deve haver tanta coisa desabada
Lá dentro... Mas não sei... É bom ficar
Aqui, bebendo um chope no meu bar...
E tu, deixa-me em paz, Alma Penada!
Não quero ouvir essa interior balada...
Saudade... amor... cantigas de ninar...
Sei que lá dentro apenas sopra um ar
De morte... Não, não sei! não sei mais nada!
Manchas de sangue inda por lá ficaram,
Em cada sala em que assassinaram...
Pra que lembrar essa medonha história?
Eis-me aqui, recomposto, sem um ai.
Sou o meu próprio Frankenstein — olhai!
O belo monstro ingênuo e sem memória..."

"A lua de Babilônia
Numa esquina do Labirinto
às vezes
avista-se a Lua."

"Não! como é possível uma lua subterrânea?
(Mas cada um diz baixinho:
Deus te abençoe, visão...)"

"Terceira canção de muito longe
Da última vez que atravessei aquele corredor escuro
Ele estava cheio de passarinhos mortos..."

"Traduzido de Raymond Queneau
Meus Deus, que vontade me deu de escrever um poeminho
Olha, agora mesmo vai passando um!
Pst pst pst
Vem para cá para que te enfie
Na fieira dos meus outros poemas
Vem cá para que eu te entube
Nos comprimidos de minhas obras completas
Vem cá para que eu te empoete
Para que eu te enrime
Para que eu te enritme
Para que eu te enlire
Para que eu te empégase
Para que eu te enverse
Para que eu te emprose
Vem cá...
Vaca!
Escafedeu-se."

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